O dia em que meus pais fumaram maconha...

Eu deveria ter uns 17 anos na época, ou ainda ia fazer, sei lá?!?!
tava naquele idade meio rebelde sem causa, meio maluco beleza
e minha mãe me pegou de surpresa no quarto com a mão na massa
Nãooooo... era pior que isso que você deve ter imaginado
Eu tava passando a cola, fechando um beck, apertando unzinho
um cigarrinho da capeta, pronto pra fumar meu segundo fino da noite
e pegar os livros e estudar para uma prova do dia seguinte
Ela deu aquele grito, mas sem saber o que era
- O que é isso Carlos Eduardo, desde quando você fuma?
Mas então ela caiu em si e viu que a parada era outra
- Ai meu Deus, você está usando drogas?!?!?!
e gritou chamando meu pai.
- Jota, vem aqui agora!
Eu imaginava um sermão, castigo, prisão domiciliar, internação em manicômio, essas coisas
E depois de uns bla bla bla eu lembro bem de uma pergunta...
- Afinal o que você sente quando fuma isso?
Eu como um adolescente de 17 anos não medi as conseqüências dos meus atos
e respondi com muita franqueza e naturalidade
- Ah pai, fico de onda, eu relaxo e penso melhor nas coisas
- Mas como assim Carlos Eduardo? Explique-se melhor!
Eu já tava com aquele papo de maconheiro fazendo apologia
- São quase dez mil anos de uso sem sequer uma morte...
E ai quando eu pensei que já estava quase tudo resolvido,
eis que o velho José Lacerda me vem com algo que realmente me deixou apavorado
- Me dá isso, vou provar!
Eu abri e os olhos e a viagem do primeiro cigarrinho foi-se toda de uma vez só!
- Pai, você não vai gostar!
- Você não gosta Cadu, porque eu não iria?
E lá vai meu pai, sem muito prática, parecia que estava
tentando fumar um cigarro de filtro,
daqueles que a gente compra em qualquer posto de gasolina
- Não pai... tem que segurar assim... Não, prende um pouco a fumaça...
Nossa, eu tava ensinando meu pai a fumar maconha,
acho a que eu fumei antes tava com o prazo de validade vencido.
- Assim, mas eu não tô sentindo nada...
- Calma pai, isso não é veneno pra fazer efeito de imediato...
Ele deu uma risada bem frouxa como há muito tempo eu não via,
e imaginei: acho que ele vai ficar mucho loco?!?
é melhor eu não fumar nada, afinal alguém tem que ficar careta nessa história
E não ficou nisso, minha mãe, professora universitária, que só olhava falou.
- Deixa eu provar também Jota!
- Claro Maria Rita, pega aqui, mas cuidado pra não apagar!
Eu já estava mais do que arrependido do dia em que comecei a fumar,
acho que se eles queriam me repreender por conta de eu estar usando drogas
já tinham mais do que conseguido, eu estava completamente apavorado.
- Nossa, Tita, que é isso aqui na sua cabeça?
- Não tem nada mãe é onda!
- O que é Tinha? Não tem nada, mas minha mão parece que tá maior você não acha?
- Não tem nada pai é onda?
E os dois começaram a rir compulsivamente...
- Ai Tita tá me dando uma fome? Vamos sair para comer alguma coisa?
- Mãe é larica! Cuidado com o regime!!!
- Que regime Caduzinho larga a mão de ser careta!
Caramba minha mãe tava me chamando de careta,
até uns minutos atrás era eu que pensava isso deles
- Ahhh vamos sair então, depois quem sabe a gente não vai dançar
Quando meu pai saiu do banho percebi que ele tinha tirado aquele bigodão que
cultivava a anos e não estava mais com aquela cara de advogado.
- Nossa, como você ficou mais jovem, tá um gato!
Eu andava desesperado de um lado para o outro estava muito preocupado
com os meus pais, não seria uma boa idéia eles saírem sozinhos na rua
naquele estado e ainda mais drogados, poderiam ser parados em alguma blitz,
justo meu pai que era um advogado renomado.
- Pai, posso ir com vocês?
- Claro que não Cadu!
- É filho, você já é bastante crescido e pode ficar sozinho
Juro para vocês, não consegui dormir enquanto meus pais não chegarão,
mas ainda pude ouvir minha mãe surrando para o meu pai...
- Onde será que ele guarda hein???

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O texto é meu (só o texto)

Salaam Aleikum