quinta-feira, 26 de março de 2009

Histórias da minha vida - Parte 1

Quero desabafar, então lá vai!!!
Pode até ser em vão, mas tento a cada dia, entender meus desvios de personalidade..
Agressividade, egoísmo, autoritarismo e sentimento de inferioridade são características minhas que carrego desde a infância.
Fico imaginando como eu seria se tudo tivesse acontecido diferente. Será que eu seria mais calma? Mais confiante? Será que eu teria mais compaixão das pessoas? Ou eu seria mais humilde? Não sei, só sei que a minha história de certo não é a única, mas pra mim é dolorida o bastante pra ser marcante até o fim da minha vida.
Talvez a minha maior frustração é ter sido rejeitada por meu pai no meu segundo ano de vida. Não tive o seu amor, nem levei as broncas que lhe são peculiares. Ele sequer queria que eu nascesse. Nada de fazer cartinhas na escola pra presentear os pais naquele dia, qual mesmo? Ah, o segundo domingo de agosto....Que data horrível de se comemorar!!!!
Não foi fácil pra mim escutar dos meus coleguinhas as coisas legais que seus pais faziam. Como eu queria ter uma figura masculina que eu pudesse chamar de pai e que todos os dias fosse me deixar na escola como os outros alunos!!!que me desse um beijo na testa ou até mesmo um tapinha nas costas como incentivo. Como eu queria que nos fins de semana ele me levasse pra algum lugar, pra fazermos um programa só meu e dele. Como eu queria me sentir importante na vida dele. Mas eu não representava nada. E como eu queria fazer todas aquelas coisas bobas da escola e ter pra quem dar.
Mas não foi assim.
Meu pai sem querer alimentou em mim sentimentos que eu não gostaria de ter.
Cedo comecei a ter responsabilidades. Como minha mãe trabalhava dobrado pra poder nos manter, tive que aprender a resolver tudo sozinha. Com seis anos de idade, comecei a ir e voltar da escola só. Como eu não tinha irmãos, eu estudava sozinha, comia sozinha, brincava sozinha, assitia tv sozinha. Não tinha primos, tios, avós. Nem aquelas reuniões familiares. Como a família da minha mae mora fora, a única família que eu poderia ter era a paterna. Mas fui privada disso.Talvez daí tenha surgido meu sentimento egoísta e auto-suficiente.
Nos fins de semana, quando minha mãe me levava pra passear na praça, ela tentava suprir sua falta. Mas tudo ia por água a baixo quando eu via meu pai fazendo programa em família com meus outros irmão advindos da sua relação com outra mulher...era eu quem deveria estar ali, ou melhor, eu queria estar ali. E tudo piorava, quando ao passar por mim acenava timidamente, balançando a cabeça em sinal positivo e me dando um tchauzinho mixuruca, só pra cumprir tabela. Parecia que eu era a filha da tia da prima da vizinha da empregada da casa dele. Na vida dele, não tinha eu o menor valor. Como eu sofria com isso. Eu achava que era porque eu era feia, ou chata. Ou por causa da minha cor. Procurava em mim mil defeitos pra justificar tamanha indiferença. Talvez daí tenha surgido meu sentimento de inferioridade.
Com o passar do tempo, e sem a figura paterna na minha vida, tive que enfrentar situações difíceis. Aprendi a me defender, tive que aprender. Minha arma: a agressividade.
Sempre que alguém tentasse me humilhar ou passar por cima de mim, ou me repreender de alguma forma, eu já sabia o que fazer. Era só eu me sentir ameaçada que logo eu revidava. Ainda hoje sou assim.
Quem convive comigo me acha uma pessoa extremamente difícil de lidar. Diz que sou grosseira, que sou chata, que sou isso e sou aquilo.
Mas cada um sabe o que é e porque o é.
No próximo capitulo contarei o lado bom da história. :)

1 comentários:

Carol disse...

Seu texto te releva... quem te conhece e lê, sabe q é vc...
è sofrido... eu bem conheço essa historia ai... fiquei até meio triste quando li, lembrei de coisas ruins, sentimentos que ainda precisam ser remoídos...Apesar de adultas, isso influênciu e ainda influencia em nossas vidas...
Cada dia te admiro mais viu!
bjos